Em uma bela
noite de inverno, no Alasca, uma família rica vivia feliz em sua casa
requintada, enorme, de vários cômodos, em um bairro mais isolado da cidade. Lá
viviam Patrícia e Lisa, duas irmãs bem diferentes uma da outra. Patrícia era
tímida, solidária e não gostava muito do estilo de vida de sua família.
Trabalhava como médica em um hospital e realmente amava ajudar os outros. Já
Lisa era arrogante, popular e negligente com seus estudos. Patrícia fazia de
tudo para ajudar sua irmã a mudar seu jeito, mas não dava certo. Porém, ela
teria muito a aprender...
Certa
noite, Patrícia estava voltando do hospital a pé. Estava com um casaco de lã
bem grosso, mas mesmo assim tremia de frio. Estava nevando, e faltavam dois
dias para o natal. Ela adorava o natal, mas não gostava de comemorá-lo com sua
família, pois eles apenas trocavam presentes caros e iam dormir. Realmente, era
chato.
De repente,
ela tropeçou em um monte de neve e viu uma pequena garotinha, encolhida,
debaixo de um teto de um restaurante fechado. Ao seu lado tinha outra, maior. Ela
parecia faminta e estava em péssimo estado. Patrícia se dirigiu até ela.
- Oi. Onde
estão seus pais? – perguntou.
Elas não
responderam nada. Então, Patrícia tirou seu casaco e colocou sobre as duas.
- Venham
comigo. – disse, levando-as.
Elas
entraram em uma lancheria, e Patrícia pagou-lhes um sanduíche cada. Elas
devoraram sem dizer uma palavra, mas ela pode ver a alegria em seus olhos.
Sorriu.
- Obrigada.
– a mais velha murmurou.
- Vou
leva-las para casa. – disse.
A mais
velha, Cristina, deu o endereço e foram. Era um povoado pobre, mas que as
pessoas eram simpáticas.
- Seu
casaco. – Cristina disse, já retirando.
- Não.
Podem ficar. – Patrícia falou.
Seus olhos
brilharam e ela abriu um pequeno sorriso.
Patrícia deu uma volta por ali, pensando em sua vida e comparando a
elas. Naquele natal, enquanto sua casa estaria farta de comida, eles estariam
sem nenhuma migalha de pão. Enquanto todos estariam ganhando um monte de
presentes, eles estariam apenas encarando a neve caindo pela janela. Ela sentiu
um aperto no coração, e uma vontade repentina de mudar isso. Então, voltou para
a pequena casa e bateu na porta.
- Sim? –
uma senhora atendeu. Tinha uma aparência cansada.
- Quero
falar com Cristina e sua irmã, por favor. – pediu. A senhora chamou-as.
-
Cristina... O que você gostaria de ganhar no natal? – Patrícia perguntou.
- Eu nunca
ganhei nada... Nunca pensei nisso... – ela disse.
- O papai
Noel nunca vem. – a mais nova completou.
Patrícia
contraiu os lábios.
- Então...
Pensem e me digam. Me encontrem amanhã, na mesma lancheria, na hora do almoço.
Eu sempre almoço lá. Ok? – disse.
- Ok. –
Cristina disse, sorrindo.
Então, elas
cumpriram o combinado. No dia seguinte, se encontraram na mesma lancheria.
Patrícia pagou-lhes o almoço e elas conversaram.
- Então...
Já decidiram? – perguntou.
Cristina e
Charli se entreolharam e balançaram a cabeça.
- Venham
comigo. – Patrícia disse.
Elas foram
até uma loja de brinquedos. Se fosse possível medir a felicidade das duas,
diria que estavam no máximo. Ficaram uma meia hora ali, olhando encantadas para
a enorme variedade de brinquedos.
- Eu quero
essa boneca. – Charli falou.
- E eu essa
casinha. – Cristina disse.
- Tudo bem.
– Patrícia sorriu. – Mas só amanhã, que é o natal, ok?
- Ok...
Espera, nós vamos ver o papai Noel? – Cristina perguntou.
- Hum...
Talvez. – disse, sorrindo.
Quando
chegou em casa, Patrícia anunciou que passaria o natal com seus amigos.
- Duvido
que eles tem tudo o que nós temos. Olha essas comidas... – Lisa disse.
- Isso
importa? – Patrícia retrucou.
- Aonde você
vai? – ela perguntou.
Patrícia
respirou fundo. Sua madrasta lhe olhou feio.
- Eu vou
fazer uma coisa que vocês nunca fizeram, isso eu garanto. Enquanto vocês ficam
aí, se empanturrando de toda essa comida que a metade vai fora depois, há
pessoas passando fome. Enquanto vocês ficam gastando dinheiro com coisas
fúteis, que já tem ou que não precisam, há pessoas que precisam dessas coisas.
Há pessoas que nunca ganham nada, que nunca tiveram isso, e que com certeza
dariam valor se tivessem. Quando vocês vão aprender que dinheiro não é tudo? Eu
amo vocês, mas precisam aprender isso. Pensem no que eu disse. – falou, se
levantando. – Ainda dá tempo de mudar.
Ninguém
respondeu, e ela saiu, pegando a sacola com os presentes e mais uma com roupa
de papai Noel. Pegou o carro e se dirigiu até a casa das irmãs.
- Oi. – a
senhora cumprimentou, com os olhos cheios de lágrimas.
- Oi...
Você... Está bem? – perguntou.
- Estou. O
que deseja?
- Ver
Cristina e Charli. – disse.
- Charli
está a caminho do hospital. – a senhora disse, e suas lágrimas caíram de vez.
- O que
aconteceu?
- Começou a
passar mal... Seu coração... Ela... – falou, mas não conseguiu terminar a
frase. – Tive que ficar para cuidar do bebê. – ela segurava um bebê muito fofinho.
– Meu marido foi com ela.
- Elas
foram no hospital do centro?
- Sim.
Bem na
hora, seu celular tocou. Era o hospital.
Patrícia
correu. Acelerou o carro e chegou lá rapidamente. Incrivelmente, chegou junto
com a ambulância que trazia Charli, Cristina e seu pai.
- Cristina.
– ela disse, e a outra correu para abraça-la. – vai ficar tudo bem.
Então, ela
curou-a. Descobriu que Charli tinha asma, e teve um ataque realmente forte. Mas
já estava melhor.
- Seria
seguro se ela passasse a noite aqui no hospital. – disse.
- Que ótimo
natal. – Cristina desabou a chorar, e nada podia lhe consolar.
Aí,
Patrícia pensou... Tinha deixado os presentes e a fantasia no carro... Ainda
havia tempo... Então, chamou uma enfermeira para tomar conta de Charli enquanto
ia pegar as coisas. Se vestiu o mais rápido que pode e voltou rapidamente.
Toc Toc. A
enfermeira abriu e saiu, deixando-a sozinha com Charli, Cristina e seu pai.
- Papai
Noel?- perguntou Cristina.
- Sim,
querida. Ho Ho Ho. – falou, sorrindo. – E eu trouxe presentes!
Elas
ficaram loucas. Patrícia obrigou-lhes a fazer silêncio, pois estavam no
hospital, e entregou os presentes.
- Era
exatamente o que eu queria! – exclamaram. Havia lágrimas de felicidade em seus
olhos.
Patrícia
(ou papai Noel) conversou com elas, até que a enfermeira voltou.
- Por
favor, venha aqui. – chamou. – Eu comprei alguns chocolates... Você poderia
passar nos quartos das crianças e distribuir. O que acha?
- Ótima
ideia. – falou, sorrindo.
Então, ela fez. No dia seguinte, apareceu em vários jornais e até mesmo na TV. Sua família
ficou orgulhosa dela, e começaram a pensar mais sobre valores. O que será que
valia mais? O dinheiro, o amor? A solidariedade? Patrícia ajudou a responder a
essa pergunta com esses simples atos de carinho e ajuda. Há coisas que o
dinheiro não compra... E, com certeza, o natal tem muito mais valor quando existe amor.
Feliz natal para todos vocês!!! :)
Posted by: Lau